Praticamos o planejamento rotineiramente, seja numa viagem a passeio ou até mesmo numa ida ao supermercado. O orçamento de obras nos diz quanto a obra vai custar, não é mesmo?
Isso está diretamente ligado ao prazo da obra, soluções construtivas, logística do canteiro, produtividade das equipes, e uma série de outras estimativas, que resultam no que chamamos de planejamento de obras. Isso significa que planejamento e orçamento de obras andam juntos e devem ser trabalhados paralelamente para que tenhamos uma boa gestão da construção.O planejamento de obras e seus subprodutos
O planejamento de obra, como se conhece no mercado, diz respeito ao sequenciamento de atividades necessárias para a construção, estabelecendo relações de interdependência entre elas. Como assim?
Por exemplo: Em um sistema construtivo convencional normalmente as instalações hidráulicas são embutidas nas alvenarias.Isso significa que as instalações hidráulicas de um banheiro só serão iniciadas depois que a parede deste banheiro foi erguida. Se a parede atrasar, a instalação atrasa. Se a instalação atrasa, o reboco atrasa, e com ele todas as atividades que dependem dele.
Essa sequência construtiva é definida como plano de ataque. Em um edifício com uma série de pavimentos tipo, o ideal é estudar a melhor sequência executiva possível, que será replicada para os demais pavimentos considerando a melhor alocação possível de equipes.
Ao estabelecermos uma relação entre todas a as atividades necessárias para a construção de uma obra, conseguimos visualizar o prazo final da construção, o qual influencia diretamente o orçamento. Como? Uma obra tem custos fixos mensais (consumo de água e energia, corpo técnico, aluguel de equipamentos). Com a variação do prazo de obra, variam também estes custos.
É importante ressaltar que nem sempre menor prazo é o que as construtoras procuram: há empresas que optam por aumentar o prazo de obra, diluindo os custos mensais, de forma que o desembolso mensal ao longo da construção fique dentro do planejamento do fluxo de caixa da empresa.
Esse estudo de desembolso mensal é feito quando fazemos o link entre o planejamento da obra (sequenciamento) e o orçamento. Dessa forma sabemos o que será executado, quando, e quanto vai custar: temos o cronograma físico-financeiro.
E onde o BIM entra nisso?
Um modelo tridimensional munido de informação, permite a interligação do cronograma de obra (normalmente feito no MS Project) com os elementos deste modelo. Desta forma temos um planejamento 4D: além das 3 dimensões, cada elemento traz consigo a informação de quando e por quanto tempo será construído.
Esse link é feito em softwares BIM orientados à gestão como o Navisworks da Autodesk, ou ainda o VICO, que fornece uma tecnologia diferenciada de planejamento 4D, baseada nos conceitos de produtividade de equipes e linha de balanço.
Fica evidente aqui a interoperabilidade entre softwares, já que enquanto alguns tem o foco na criação do modelo, outros tem o objetivo de operará-lo com foco na gestão da construção.
No VICO, por exemplo, é possível traçar o planejamento diretamente na linha de balanço, utilizando comandos gráficos para ajustes de prazo: ao arrastar a linha de uma atividade para uma data específica, o software calcula automaticamente a produtividade necessária para cumprimento de tal prazo.
5 motivos para realizar planejamento de obras em BIM
Agora que você entendeu o que é o planejamento de obras e como o BIM pode ser usado neste mesmo planejamento, vamos a conexão de ambos os pontos:
1) Compatibilização de projetos: Em resumo pode-se dizer que o BIM facilita muito o trabalho de compatibilização de projetos, seja pela possibilidade de automatização de detecção de interferências quanto pela própria visão espacial. Projetos mais compatíveis diminuem a possibilidade de imprevistos na obra e melhoram a assertividade do planejamento. Falaremos mais sobre esse assunto no nosso Blog.
2) Quantitativos: muito embora essa vantagem seja mais associada ao orçamento, uma maior precisão nos quantitativos também significa maior precisão do planejamento, já que o prazo é consequência direta da quantidade X produtividade.
3) Facilidade de compreensão: uma visualização espacial/sequencial da obra sendo construída torna muito mais fácil entender o que está sendo planejado do que através de um cronograma de Gantt, ou até mesmo de uma linha de balanço. Isso facilita também a elaboração de planos de contingência caso a execução esteja se distanciando da meta planejada.
4) Planejamento de canteiro: um planejamento 3D permite a simulação de alocação de equipamentos no canteiro ao longo da obra, bem como depósito de materiais e consequentemente simulações de logística.
5) Marketing: além de todas as vantagens técnicas, simulações 4D são comumente utilizadas como uma forma de marketing em apresentações para investidores e clientes, como uma amostra do alto nível tecnológico do planejamento que será empregado na construção.