Engenheiros e Arquitetos há muito tempo procuram a natureza em busca de inspiração, criando inovações tão diversas quanto aviões (inspirados em pássaros), sistemas de ventilação (cupins), trens-bala (kingfishers) e velcro (rebarbas). Agora, o mundo natural está servindo de modelo para cidades circulares – sistemas urbanos sustentáveis que minimizam o desperdício e a poluição, reduzindo, reciclando e reutilizando.
A natureza é o modelo perfeito para esse esforço. Afinal, é o reciclador da vida. Não desperdiça nada: plantas e animais mortos se decompõem em nutrientes que são consumidos pela terra e então usados para criar um novo ciclo de seres vivos. Esse processo regenerativo está no coração da economia circular, um sistema de projetar, fabricar e usar coisas que respeitam os recursos limitados do planeta. Em uma economia circular, os produtos e processos são reprojetados para eliminar o desperdício e a poluição, os produtos e os materiais são reutilizados e os recursos naturais são renovados.
É uma melhoria enorme e necessária em relação à atual economia linear, onde os fabricantes retiram recursos da terra para fabricar produtos que os consumidores usam e depois descartam. Segundo a Ellen MacArthur Foundation, nesse sistema de coleta e descarte de resíduos, as cidades são grandes infratoras, produzindo 50% do lixo global e 60 a 80% das emissões de gases de efeito estufa. Mas há uma oportunidade de criar mudanças.
1. Como são as cidades circulares? Para iniciantes, eles são verdes
A infraestrutura verde – uma rede planejada de áreas naturais e seminaturais – é um método que as cidades podem usar para lidar com o gerenciamento de resíduos, o gerenciamento de águas pluviais, o estresse térmico, a qualidade do ar e a biodiversidade. Por exemplo, telhados e fachadas verdes podem reduzir o desperdício na indústria da construção, prolongando a vida útil das superfícies externas. Os jardins da cobertura oferecem uma camada protetora contra a luz solar e altas temperaturas, dobrando a vida útil dos telhados planos tradicionais. Da mesma forma, as fachadas verdes diminuem os requisitos de manutenção das fachadas convencionais. Os efeitos isolantes de telhados e fachadas verdes também ajudam a regular a temperatura interna o ano todo, economizando energia. Outro benefício de superfícies esverdeadas? Eles são muito mais agradáveis de se olhar do que concreto.
2. Circular requer liderança cívica e visão criativa
Passar de uma economia linear para uma circular não é uma tarefa fácil. É desafiador e demorado, envolvendo grandes mudanças na infraestrutura, modelos de negócios, logística e comportamento social. Para começar, as cidades devem criar sistemas circulares que separam o crescimento econômico do novo uso de materiais, apoiando recursos renováveis e mantendo-os em atividade o maior tempo possível. Integrar a circularidade nas políticas municipais também significa integrar todas as partes interessadas dos setores público e privado. Ao apoiar os princípios das economias circulares, as cidades também podem descobrir outro benefício: elas podem ajudar a estimular o empreendedorismo e a inovação locais.
3. O setor imobiliário também está se tornando circular
Quando os prédios são reformados ou demolidos, para onde vão todo esse vidro, aço, madeira e concreto? Para o lixão, o mesmo local onde acabam os móveis e acessórios antigos ou fora de moda. Mesmo quando novos edifícios comerciais são construídos, sobras de materiais, incluindo aqueles que estão fechados e em bom estado, são frequentemente lançados. Essas práticas são um enorme desperdício de dinheiro e recursos, mas estão mudando à medida que a economia circular começa a ganhar força no setor imobiliário, onde promete ter um grande impacto não apenas no meio ambiente, mas também no fundo das empresas linha.
4. Então, quais cidades são heróis da circularidade?
Sete cidades em todo o mundo estão liderando o caminho no esforço de mudar para uma economia circular. São Francisco, líder global de longa data em reciclagem, reutiliza 80% de todo o lixo e tem como objetivo atingir zero de lixo até o próximo ano. Em Copenhague, na Dinamarca, 62% dos residentes andam de bicicleta para o trabalho todos os dias, onde desfrutam do menor horário de trabalho da Europa e podem participar de atividades esportivas gratuitas (não surpreendentemente, os habitantes desta cidade estão entre os mais saudáveis e felizes do mundo). E Whanganui, na Nova Zelândia, possui o primeiro corpo de água do mundo a receber os direitos legais de uma pessoa. O rio Whanganui, que os indígenas maori consideram um ancestral, é supervisionado por dois guardiões ambientais legalmente nomeados; o status de pessoa também ajuda a proteger as tradições nativas dos maoris.
5. Juntando tudo: a cidade do futuro
Com a previsão de que a população global atinja 9,8 bilhões em 2050 – e as cidades abrigam quase 70% desse número – uma série de desafios ecológicos, sociais e econômicos se aproximam. A empresa de arquitetura e planejamento urbano Skidmore, Owings & Merrill (SOM) projetou uma cidade do futuro que aborda criativamente essas questões. Na visão do SOM, as cidades são uma coleção de hubs urbanos densamente desenvolvidos, ligados por ferrovias de alta velocidade. Bairros independentes fazem quase todos os serviços diários a uma curta caminhada. Os centros das cidades estão localizados no interior, longe de corpos d’água crescentes, e apresentam edifícios modulares verdes que podem ser construídos com maior velocidade e menos desperdício. Eles também possuem interiores flexíveis que podem se adaptar às mudanças nas necessidades comerciais ou residenciais e oferecem espaços compartilhados que dão suporte à comunidade e ao bem-estar.